Como funciona o Sistema Nacional de Cultura (SNC)

O Sistema Nacional de Cultura (SNC) é um marco na gestão cultural brasileira, criado para articular e fortalecer políticas públicas culturais em todo o país.

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Instituído pelo Artigo 216-A da Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional 71 de 2012, o SNC funciona como um mecanismo de colaboração entre União, estados, Distrito Federal, municípios e a sociedade civil.

Mas, afinal, como funciona o Sistema Nacional de Cultura (SNC) na prática?

Saiba a seguir!

Sistema Nacional de Cultura (SNC)

Como funciona o Sistema Nacional de Cultura (SNC)

Ele opera como uma ponte que conecta os entes federados e a população, promovendo o acesso à cultura, a valorização da diversidade e o desenvolvimento humano, social e econômico.

Imagine o SNC como uma orquestra sinfônica: cada ente federado é um músico, com seu instrumento único, mas todos tocam juntos sob a regência do Plano Nacional de Cultura (PNC), garantindo harmonia e continuidade.

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Essa analogia reflete a essência do SNC: um sistema descentralizado, participativo e democrático, que organiza as políticas culturais para que sejam permanentes, independentemente de mudanças governamentais.

Assim, o SNC não apenas fomenta a produção cultural, mas também assegura que os direitos culturais sejam respeitados e que os recursos cheguem às comunidades de forma equitativa.

Por que a cultura deve ser tratada como um direito fundamental?

Porque ela é a expressão da identidade de um povo, um motor de transformação social e um pilar para o desenvolvimento sustentável.

Neste artigo, exploraremos como funciona o Sistema Nacional de Cultura (SNC), destacando seus componentes, processos de adesão, impacto nas políticas culturais e desafios, com exemplos práticos, estatísticas e respostas às dúvidas mais comuns.

Estrutura e componentes do SNC: A base da gestão cultural

O funcionamento do SNC depende de uma estrutura robusta composta por elementos fundamentais, os chamados componentes, que garantem sua operacionalização.

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Primeiramente, cada ente federado que adere ao SNC deve instituir um órgão gestor de cultura, como uma secretaria ou fundação, responsável por coordenar as políticas culturais localmente.

Além disso, conselhos de política cultural, formados por representantes do poder público e da sociedade civil (com no mínimo 50% de participação civil), asseguram a transparência e a participação popular nas decisões.

Nesse sentido, esses conselhos são espaços de diálogo onde a comunidade pode influenciar diretamente as prioridades culturais.

Ademais, outro pilar essencial é o Plano de Cultura, um documento estratégico que define diretrizes, metas e ações para a política cultural em um horizonte de dez anos.

Por exemplo, o município de Salvador, na Bahia, implementou seu Plano Municipal de Cultura em 2016, alinhando-o ao SNC.

Esse plano priorizou a preservação do patrimônio imaterial, como o samba de roda, e o incentivo a festivais locais, resultando em um aumento de 30% no financiamento de projetos culturais comunitários entre 2017 e 2020.

Em suma, esse caso ilustra como o SNC, ao exigir planejamento de longo prazo, promove políticas consistentes e sustentáveis.

Além disso, o SNC prevê a criação de fundos de cultura, que são mecanismos financeiros para captar e distribuir recursos.

Esses fundos, aliados às conferências de cultura e aos sistemas setoriais (como os voltados para música, artes visuais ou patrimônio), completam a estrutura.

A tabela abaixo resume os principais componentes do SNC e suas funções:

ComponenteDescriçãoExemplo de Aplicação
Órgão GestorCoordena as políticas culturais em nível local, estadual ou federal.Secretaria Municipal de Cultura de Recife, que gerencia editais culturais.
Conselho de Política CulturalEspaço de diálogo com participação da sociedade civil para definir prioridades.Conselho de Cultura de Porto Alegre, que aprovou incentivos ao teatro comunitário.
Plano de CulturaDocumento com metas e estratégias para 10 anos.Plano de Cultura de Salvador, focado em patrimônio imaterial e festivais.
Fundo de CulturaMecanismo de financiamento de projetos culturais.Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte, que financia projetos de artistas locais.
Conferências de CulturaFóruns participativos para debater políticas culturais.Conferência Municipal de Cultura de Fortaleza, que definiu metas para 2023-2033.

Portanto, o SNC funciona como um sistema integrado que organiza e alinha as ações culturais, promovendo eficiência e inclusão.

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A articulação desses componentes garante que as políticas culturais sejam construídas com a participação da sociedade, evitando a centralização e promovendo a diversidade cultural.

Processo de adesão: Como estados e municípios se integram ao SNC

Como funciona o Sistema Nacional de Cultura (SNC)
Imagem: Canva

A adesão ao SNC é voluntária, mas essencial para que estados e municípios alinhem suas políticas culturais às diretrizes nacionais.

Inicialmente, o processo começa com a assinatura de um Acordo de Cooperação Federativa, formalizado pelo chefe do executivo (governador ou prefeito) e enviado à Secretaria dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura (MinC).

Em suma, esse acordo, de vigência indeterminada, é publicado no Diário Oficial da União, marcando a adesão provisória.

Contudo, para alcançar a adesão plena, o ente federado deve implementar pelo menos três dos cinco componentes obrigatórios: conselho de política cultural, plano de cultura, fundo de cultura, lei do sistema de cultura e comissão intergestores bipartite (no caso de estados).

Um exemplo prático é o município de Olinda, Pernambuco, que aderiu ao SNC em 2015.

Dessa forma, após a assinatura do acordo, a cidade criou seu conselho municipal de cultura, com 60% de representantes da sociedade civil, e elaborou um plano de cultura que priorizou a preservação do frevo e do carnaval.

Como resultado, Olinda conseguiu captar R$ 2 milhões em recursos federais via Fundo Nacional de Cultura entre 2016 e 2019.

]Assim, impulsionando iniciativas como oficinas de dança e restauro de patrimônio histórico. Esse caso demonstra como a adesão ao SNC facilita o acesso a recursos e fortalece a gestão cultural local.

Além disso, a Plataforma SNC (snc.cultura.gov.br) desempenha um papel crucial, funcionando como um hub digital onde os entes federados cadastram informações, monitoram o progresso e atualizam seus planos de trabalho.

Até julho de 2025, 63,8% dos municípios brasileiros (3.554 de 5.570) haviam aderido ao SNC, segundo dados do MinC, um aumento significativo em relação aos 55% de 2022.

Em suma, essa estatística reflete o crescente reconhecimento da importância do SNC para a descentralização de recursos e a consolidação de políticas culturais.

Impactos do SNC: Transformando a cultura em política de Estado

O SNC transforma a cultura em uma política de Estado, garantindo continuidade e independência das mudanças governamentais.

Primeiramente, ele promove a descentralização, permitindo que recursos cheguem diretamente aos municípios e estados, como ocorreu com a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), que destinou R$ 3 bilhões anuais para entes federados.

Nesse sentido, essa descentralização amplia o acesso a bens culturais, especialmente em regiões historicamente negligenciadas, como o Norte, onde 55,5% dos municípios aderiram ao SNC até 2024.

Além disso, o SNC fortalece a participação social.

Em suma, os conselhos de política cultural e as conferências garantem que a sociedade civil tenha voz ativa na definição das políticas, promovendo transparência e accountability.

Por exemplo, durante a Conferência Nacional de Cultura de 2024, foram aprovadas metas que incluíram a ampliação de incentivos para culturas indígenas e quilombolas, demonstrando o compromisso do SNC com a diversidade.

Essa abordagem participativa é essencial para atender às demandas de comunidades marginalizadas e garantir que as políticas culturais sejam inclusivas.

Por fim, o SNC contribui para o desenvolvimento econômico.

A cultura, além de sua dimensão simbólica, é um motor econômico, gerando empregos e movimentando cadeias produtivas.

A sanção da Lei nº 14.835/2024, que consolidou o marco regulatório do SNC, reforçou o compromisso do MinC com o fomento e a sustentabilidade do setor cultural, alinhando-o ao Plano Nacional de Cultura.

Assim, o SNC não apenas organiza a gestão cultural, mas também posiciona a cultura como um pilar estratégico para o progresso do país.

Desafios e perspectivas: O caminho para a consolidação do SNC

Apesar de seus avanços, o SNC enfrenta desafios significativos.

Primeiramente, a adesão de alguns estados, como São Paulo, ainda é limitada, o que reflete resistências regionais à integração com o sistema.

Nesse sentido, essa resistência pode ser atribuída à falta de recursos, capacitação insuficiente ou prioridades políticas divergentes.

Além disso, a implementação dos componentes, como a criação de fundos de cultura, exige capacidade técnica e financeira, o que pode ser um obstáculo para municípios menores.

Ademais, outro desafio é a necessidade de regulamentação contínua.

Embora a Lei nº 14.835/2024 tenha estabelecido diretrizes claras, a ausência de um decreto regulamentador detalhado até julho de 2025 dificulta a uniformização dos processos.

No entanto, o MinC tem promovido iniciativas como seminários e cursos em parceria com a ENAP para capacitar gestores, o que sinaliza um esforço para superar essas barreiras.

Olhando para o futuro, o SNC tem o potencial de se consolidar como o “SUS da Cultura”, estruturando políticas culturais de forma sistêmica e democrática. ]

A nova página do SNC, lançada em janeiro de 2025, oferece recursos como tutoriais e painéis de dados, facilitando a adesão e o monitoramento.

Com isso, o SNC pode não apenas ampliar o acesso à cultura, mas também fortalecer a identidade nacional e o desenvolvimento sustentável.

Dúvidas Frequentes sobre o Sistema Nacional de Cultura (SNC)

PerguntaResposta
O que é o Sistema Nacional de Cultura (SNC)?É um mecanismo de gestão cultural que articula União, estados, DF, municípios e sociedade civil para promover políticas culturais.
A adesão ao SNC é obrigatória?Não, é voluntária, mas essencial para acessar recursos federais e alinhar políticas culturais.
Quais são os benefícios de aderir ao SNC?Acesso a recursos federais, participação em editais, maior transparência e fortalecimento da gestão cultural local.
Como um município pode aderir ao SNC?Por meio da assinatura do Acordo de Cooperação Federativa, cadastrado na Plataforma SNC e enviado ao MinC.
Qual o prazo para implementar o Plano de Trabalho após a adesão?Até dois anos após a publicação do Acordo no Diário Oficial da União.
O que acontece se um município não cumprir os requisitos da adesão plena?Pode perder acesso a recursos federais e editais culturais, além de não consolidar seu sistema de cultura local.

Conclusão: Sistema Nacional de Cultura (SNC)

O Sistema Nacional de Cultura (SNC) é mais do que um conjunto de normas; é um compromisso com a democratização da cultura e o fortalecimento da identidade brasileira.

Ao articular entes federados e sociedade civil, ele garante que a cultura seja tratada como um direito fundamental, com políticas consistentes e participativas.

Desde a adesão até a implementação de seus componentes, o SNC organiza a gestão cultural de forma descentralizada, promovendo inclusão e desenvolvimento.

Com exemplos como Salvador e Olinda, vemos como o SNC transforma realidades locais, enquanto estatísticas mostram seu alcance crescente.

Apesar dos desafios, como a resistência de alguns estados e a necessidade de regulamentação, o SNC aponta para um futuro onde a cultura é um pilar estratégico do Brasil.

Como funciona o Sistema Nacional de Cultura (SNC)?

Ele funciona como um catalisador de mudanças, conectando pessoas, ideias e recursos para construir um país mais rico em diversidade e oportunidades culturais.

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